Você já ouviu falar em moreias?
Nos mergulhos é muito comum encontrarmos com elas, seja nas tocas, seja nadando com seus corpos alongados. A princípio elas podem parecer ameaçadoras e até “feias”. Mas você vai descobrir que elas não são malvadas e talvez aprenda a enxergar a beleza delas.
Digo isso mesmo tendo tido uma experiência incomum com uma delas lá em San Andres. Já conto a história! No caribe, o peixe-leão é uma espécie invasora indesejável, sem predador natural, ele acaba sendo muito deletério pro recife e pros peixes locais. Então, os guias de mergulho capturam a maior quantidade de peixes-leão e as vezes os oferecem a tubarões e moreias do local. Acontece que moreias se guiam muito pelo cheiro. Nosso guia cortava um peixe próximo de mim, a moreia, provavelmente atraída pelo cheiro de peixe, resolveu me dar um susto e nadar na minha direção. Na hora levei um baita susto e nadei bem forte pra longe dela. Não fui mordida! Todos ficamos bem! E daí me veio uma curiosidade sobre esses bichinhos e resolvi pesquisar!
Moreias são peixes ósseos da família das enguias, encontradas em todo o mundo. Existem aproximadamente 200 espécies em 15 gêneros, a maioria são marinhas, mas algumas podem ser vistas em água salobra e até mesmo água doce como a Gymnothorax polyuranodon.
No mar ficam em áreas próximas à costa de águas rasas, encostas continentais, plataformas continentais, habitats bentônicos profundos e zonas mesopelágicas do oceano, principalmente em ambientes tropicais e ocasionalmente em temperados.
Fica habitualmente em abrigos, como recifes de manchas mortas e rochas de cascalho de coral, evitando corais vivos.
Seu corpo é alongado, com a barbatana dorsal se une às barbatanas caudal e anal. Não costuma possuir nadadeiras peitorais e pélvicas.
Possuem olhos pequenos e visão pobre, sendo bastante dependentes do olfato para se alimentar.
Sua pele é grossa e sem escamas, protegida por uma camada de muco.
Possuem pequenas brânquias circulares nos flancos muito posteriores à boca, e para facilitar a respiração elas precisam manter a boca aberta.
Sua cabeça estreita dificulta a criação das baixas pressões para engolir as presas. Por isso, provavelmente, elas possuem um segundo par de mandíbulas, as mandíbulas faríngeas.
As mandíbulas faríngeas estão localizadas mais atrás na cabeça e se assemelham muito às mandíbulas orais (completas com minúsculos “dentes”). Ao se alimentar, as moreias lançam essas mandíbulas na cavidade bucal, onde agarram a presa e a transportam para a garganta. As moreias são os únicos animais conhecidos que usam mandíbulas faríngeas para capturar e conter ativamente as presas dessa maneira.
As moreias são predadoras oportunistas e carnívoras, comem peixes menores, caranguejos e polvos.Garoupas , barracudas e cobras marinhas estão entre seus poucos predadores conhecidos.
As moreias reproduzem-se por fertilização ovípara e os óvulos e espermatozoides são fertilizados na água, fora do útero. Em média, as fêmeas liberam 10.000 ovos por vez, que são fertilizados pelo esperma de machos e, depois, tornam-se parte do plâncton como larvas. Em cerca de um ano as larvas ficam grandes para nadar até o fundo e, assim, se esconder em rochas. Vivem, em média, de 10 a 40 anos.
As moréias não são agressivas, pelo contrário, são animais tímidos, mas acidentes envolvendo mergulhadores podem acontecer. Sua mordida causa acidentes graves, sendo que algumas espécies possuem veneno, que inoculam ao morder.